Monday, May 19, 2008


* The Death of a Grave Digger - Carlos Schwabe *

***

Não há o que dizer quando a hora chega.
Porém, há uma vontade imensa de dizer tudo.
Tudo o que não foi dito,
Tudo o que seria um dia e não foi.
Não há tempo para se arrepender.
Não há tempo para voltar atrás.
O sangue corre lentamente nas veias,
O céu fica turvo,
Todo o colorido se esvai.
Mas algum dia a vida já lhe foi colorida?
As cores são dos sonhadores.
Os realistas,
Pobres coitados,
Sofrem por que vêem a realidade
O mundo em tons de sépia e cinza.
A cor sépia é dos que ainda têm esperanças.
A cinza, dos que já estão mortos por dentro.
Mas o mundo pode mudar de cor durante uma vida.
Nada é infinito.
Há momentos na vida.
Há coisas que gostariamos que fossem e que não fossem.
Mas não mandamos em tudo o que acontece ao nosso redor.
Mudança contínua.
Um grande ciclo que não pode ser quebrado.
Alguém nasce,
Alguém morre.
A hora chega.
Não como contê-la.
Quem vem nos carregar para longe do que nós conhecemos?
Uma criatura graciosa, de olhar bondoso,
Ou uma criatura grotesca e rudo, que nos fará mal?
Quem sabe, uma de aparência angelical com más intenções
E feita do mais puro ódio.
E por que não o assustador e animalesco,
Com um coração grande demais para si próprio?
Não há como saber.
Não até a hora.
Que pensemos nas duas primeiras possibilidades
Pois as aparências sempre enganam.
Não há o que dizer.
Não há que fazer.
Encare de frente.
Siga.
Seja que realmente é.